terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A chave.

E aquele olhar misterioso do morro é doce, delicado.
Um tanto claro e mais para esverdeado.
Aquele sorriso feito fim de tarde na pedra do arpoador.
A voz leve, doce e decidida.
Se ela pede uma foto para quem passa eu é quem me derreto.
Um sotaque que desmancha no ar, arrastando as letras.
Uma chegada inesperada.
Veio anunciar a primavera com o batuque de carnaval e logo se foi.
Quando foi, voltou a chuva e o frio.
Eu morei na sua rua.
Passei pelo seu morro.
Sempre olhei para um e para o outro.
E aquele doce, porém misterioso olhar, é delicado.
Eu morei dentro dele e passei pelo seu sorriso.
Sempre olhei para um e para o outro.
Apesar de passar pela sua rua, subir o seu morro, parar no seu sorriso e me colorir com o verde do seu olhar, acabava voltando para casa mais cedo.
Nunca havia saído de casa sem minha chave.
Calhou que justamente no único dia em que me tranquei (sem querer) para fora, sem ter para onde voltar, acabei subindo o morro contido e abraçando sua rua.
Depois disso, nem fico conferindo mais os bolsos da calça para saber se levo comigo quem pode abrir as portas de casa. Depois de estar tão perto dos seus olhos e tocado seu sorriso com os dedos numa fria madrugada, pouco me importa.
  

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