quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Velha roupa colorida

Ao puxar as gavetas tire, uma por uma, as coisas que ali estão e as coloque em cima da cama.
Algumas foram esquecidas de propósito. Outras por descuido mesmo.
Aquele relógio que compraste numa viagem de amor, cujos ponteiros não giram mais.
Textos que você não citou.
Poesias que não leu.
Brincos esquecidos após uma noite de encanto.
Botons de campanhas em que foste derrotado.
Fotos de uma época em que as revelávamos.
Cheiros, poeira, detalhes de Amelie Poulain.
De um lado as que vão embora. De outro, as que são indispensáveis.
História.
Algumas roupas falam, assim como alguns perfumes. Tenho uma camisa toda puída que nunca dei porque conta muito causo. Causos publicáveis e impublicáveis. Hoje ela se foi. 
O relógio, depois de 3 anos, coloquei para rodar.
Reviver e renovar.
Assim como as águas que se movimentam e escorrem planalto a fora é preciso sempre renovar, sem contudo, deixar de reviver o que realmente importa ser revivido.
O curso das águas, metáfora da vida.



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