quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Por entre a lua e as calçadas

É fim de tarde e as águas dos palácios despencam sobre lagos artificiais.
No céu, profusões de cores, brilhos e latejoulas. Espetáculo que encerra o dia e abre para a imensidão da noite.
Nos livros antigos e usados das estantes, na poeira mesmo de páginas e páginas filosóficas, biográficas, romanceadas, poéticas folhas de tempos passados, lugar que se busca o sublime da vida. Tanta coisa, pouco tempo. Ali, tudo tem um certo quê de passado. Mas, não tem outra forma para quem quer saber um pouco do presente e projetar o que virá.
A noite começa tímida, vagarosa entre as palavras trocadas.
Palavras, sorrisos e toques se tornam, assim, esquecimento da passagem entre o fim de tarde e noite.
E a lua, querendo toda atenção, sente ciúmes, por isso brilha ainda de dia. Eles nem deram bola.
Ela pede uma torta, ele vai de peixe. Coca ligth e água com gás. 
Estantes, poeiras e "o mundo lá sempre a rodar".
Caminham por praças, ruas e calçadas. A lua comove todo o céu.
Figueiras, sibipirunas, ipês, paineiras e damas da noite. O perfume da noite só é percebido na sensibilidade de quem caminha.
A noite e a figueira traz um pouco de medo para ela, mas o caminho segue.
No centro de um planalto vazio, a poucos metros da ciclovia, ele tem que ir embora.
Sempre reclamou do tempo que leva o táxi para chegar.
Não naquela noite.
Naquela noite quente de verão, pela primeira vez desejou que tivessem anotado a quadra errado ou que, por um lapso abençoado, esquecessem do seu pedido ou de sua própria existência.
Sentado no chão e, no meio do nada, falando sobre tudo. Sentiu que nunca esteve tão próximo do olhar da Lua.
Por entre lua e calçadas, táxis são inoportunos. 


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