O nome James foi dado, pelo seu pai, em homenagem a um ex-jogador de futebol que atuou pelo time de Não me Toque e morreu de maneira trágica ao enroscar a perna em um mata burro na fazenda de seu Tié, rico proprietário de terras na região e avó do atual prefeito da cidade.
Por insistência de um tio, Wittgenstein Lenon foi acrescentado aos 46 do segundo tempo, já no balcão do cartório. Indagado o porque de um nome tão pomposo, disse que o nome foi um tributo ao filósofo alemão Jhon Lenon. De toda forma, ficou mesmo conhecido como James Lenon da padaria espanhola. Silva foi por parte de mãe, dona Iolanda.
Lenon, além de padeiro ainda dava aulas de kung fu na quadra de futebol da escola. Aprendeu lendo livros de Bruce Lee. Seu treinamento era baseado em barras de peso feitas com latas de tinta cheias de concreto batido e corridas no morro de São Pedro. Uma vez um aluno seu teve que ser levado ao hospital de Brejo Velho porque teve desidratação ao tentar completar o teste de subir o morro 20 vezes com 4 blusas,sendo uma de lã. Outro aluno passou mal ao tomar uma mistura de Biotônico Fontoura com limão e ovo de galinha.
Quando escorava a bicicleta na fachada da padaria para abrir a porta, percebeu que 5 pessoas da cidade não só haviam acordado antes que ele, como apressadamente colocavam malas na parte de trás do veículo. Em 10 anos neste trabalho isso nunca tinha acontecido. Sempre foi a primeira pessoa a acordar na cidade. Nem mesmo na madrugada em que o padre Severino caiu da janela da casa da Solange da boutique. Neste dia o padre ao perceber que James o havia visto, foi até a padaria de cuecas e sandália de couro. Pediu uma roupa emprestada e explicou que se tratava de um caso sério de exorcismo que havia se apoderado do corpo de Solange.
Esse segredo acabou por fazer do padeiro o nome mais citado pelo padre nos sermões. Em toda história que começava terminava sempre com o milagre da multiplicação dos pães. Nesta parte da homilia pedia para James se levantar e dava-lhe a honra de uma benção especial em suas mãos pois dela saia o milagre dos pães todas as manhãs em Não me Toque. Depois o puxava para a frente da fila que já se formava para tomar hóstia. Era sempre o primeiro.
Outras vantagens lhe rederam o exorcismo da dona Solange, como os frangos com farofa que sobravam da quermesse e as batatinhas fritas, sempre enviadas pelo coroinha à sua casa.
Ninguém na cidade entendia muito bem essa relação entre o padeiro e o padre Severino. As beatas morriam de ciúmes a acabaram pegando birra, mas como só havia uma padaria na cidade inteira tinham que continuar comprando lá.
Certa vez, duas delas foram falar com o dono da padaria espanhola, seu Clarindo, para pedir que o mandassem embora com o argumento de que esse Kung Fu era uma má influência para os jovens da cidade.
Seu Clarindo até pensou que fosse em razão de algum pão mais torradinho ou pela dia em que James chegara atrasado e a fornalha só saiu as oito e trinta. Quando soube que era por conta dos treinos de Bruce Lee desconversou dizendo que iria pensar e resolveria amanhã. Nunca mais tocaram no assunto, nem houve qualquer conversa com seu funcionário. Clarindo as tinha por doidas, desde o escândalo que certa noite há uns quatro anos atrás ocorreu na zona da cidade. Mas, isso e outra história. O que importa é que James Lenon não só soube quais pessoas estavam no carro, como que tinham ido embora da cidade por volta das quatro e meia da manhã.
Guardou a informação e foi repetir seu périplo de farinha, massa, dar liga, acender o fogo e esperar dar o ponto.
Por insistência de um tio, Wittgenstein Lenon foi acrescentado aos 46 do segundo tempo, já no balcão do cartório. Indagado o porque de um nome tão pomposo, disse que o nome foi um tributo ao filósofo alemão Jhon Lenon. De toda forma, ficou mesmo conhecido como James Lenon da padaria espanhola. Silva foi por parte de mãe, dona Iolanda.
Lenon, além de padeiro ainda dava aulas de kung fu na quadra de futebol da escola. Aprendeu lendo livros de Bruce Lee. Seu treinamento era baseado em barras de peso feitas com latas de tinta cheias de concreto batido e corridas no morro de São Pedro. Uma vez um aluno seu teve que ser levado ao hospital de Brejo Velho porque teve desidratação ao tentar completar o teste de subir o morro 20 vezes com 4 blusas,sendo uma de lã. Outro aluno passou mal ao tomar uma mistura de Biotônico Fontoura com limão e ovo de galinha.
Quando escorava a bicicleta na fachada da padaria para abrir a porta, percebeu que 5 pessoas da cidade não só haviam acordado antes que ele, como apressadamente colocavam malas na parte de trás do veículo. Em 10 anos neste trabalho isso nunca tinha acontecido. Sempre foi a primeira pessoa a acordar na cidade. Nem mesmo na madrugada em que o padre Severino caiu da janela da casa da Solange da boutique. Neste dia o padre ao perceber que James o havia visto, foi até a padaria de cuecas e sandália de couro. Pediu uma roupa emprestada e explicou que se tratava de um caso sério de exorcismo que havia se apoderado do corpo de Solange.
Esse segredo acabou por fazer do padeiro o nome mais citado pelo padre nos sermões. Em toda história que começava terminava sempre com o milagre da multiplicação dos pães. Nesta parte da homilia pedia para James se levantar e dava-lhe a honra de uma benção especial em suas mãos pois dela saia o milagre dos pães todas as manhãs em Não me Toque. Depois o puxava para a frente da fila que já se formava para tomar hóstia. Era sempre o primeiro.
Outras vantagens lhe rederam o exorcismo da dona Solange, como os frangos com farofa que sobravam da quermesse e as batatinhas fritas, sempre enviadas pelo coroinha à sua casa.
Ninguém na cidade entendia muito bem essa relação entre o padeiro e o padre Severino. As beatas morriam de ciúmes a acabaram pegando birra, mas como só havia uma padaria na cidade inteira tinham que continuar comprando lá.
Certa vez, duas delas foram falar com o dono da padaria espanhola, seu Clarindo, para pedir que o mandassem embora com o argumento de que esse Kung Fu era uma má influência para os jovens da cidade.
Seu Clarindo até pensou que fosse em razão de algum pão mais torradinho ou pela dia em que James chegara atrasado e a fornalha só saiu as oito e trinta. Quando soube que era por conta dos treinos de Bruce Lee desconversou dizendo que iria pensar e resolveria amanhã. Nunca mais tocaram no assunto, nem houve qualquer conversa com seu funcionário. Clarindo as tinha por doidas, desde o escândalo que certa noite há uns quatro anos atrás ocorreu na zona da cidade. Mas, isso e outra história. O que importa é que James Lenon não só soube quais pessoas estavam no carro, como que tinham ido embora da cidade por volta das quatro e meia da manhã.
Guardou a informação e foi repetir seu périplo de farinha, massa, dar liga, acender o fogo e esperar dar o ponto.
Continua...
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