sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Poemazinho

Tento rabiscar um poema que me faça esquecer.
Começo com um tema, boto uma vírgula, três pontinhos. Retomo o lápis, risco em cima das palavras, uso a borracha, deleto, faço flechas indicativas de parágrafos que mudam.
Busco a lua na beira do riacho.
Ouço uma música que me enviaste enquanto eu dormia.
Escrevo na vã esperança que, de repente, você volte.
Me distraio com os gatos que pisam no meu teclado.
Rabisco um poemazinho.
É isso, enxergo seu rosto em cada palavra.
Misturo mar com montanhas, rio com cais, sentimento com ausência, fim de tarde com vermelho. Bato tudo no liquidificador que ainda nem parcelei.
Assim em cada letra e som encontro, quem sabe, um pouco de ti em mim.
É hora de fechar o texto, minha carona chegou.
Dói colocar um ponto final, pois é como se você embarcasse de novo na rodoviária.
Deixo esses meus rastros em busca de você espalhados por aqui, mas não concluirei.
Será um dos raros poeminhas do mundo sem ponto final

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