quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

De passagem

O distinto que me desculpe,
vou passar sem pedir licença.
Esgueio e, torto, quase tropeço na saída. Jogo o quadril e saio de banda.
Chego no horário, mas saio antes. 
Tem noite que fico até o final da festa, mas só quando a lua se enche.
Desço a ladeira com a cachaça na mão e rodo pelo salão.
Subo na volta, com a morena de braço dado e já todo embriagado.
De passagem, me desculpe.
Efêmero.
Desafino no canto de ossanha, me garanto no copo do Vinícius.
Mas, se por acaso me encontrares acabrunhado, sorumbático e reflexivo me deixe quieto cá com minhas caraminholas. Logo passa.
Vou vivendo assim, de passagem. Logo eu me vou, coisa de inquietudes.
Uma vez saí de São Paulo e fui bater em Recife.
Noutra, voltei pra casa dos meus pais porque cansei de ficar andando por aí.
O distinto vai entender o que digo.
Todo mundo está de passagem. O problema é o esquecimento que, às vezes, bate na gente.

  


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