Cala o ruído da rua naquele instante em que os ébrios entregam os pontos e os pássaros ainda levarão 35 minutos para algazarra.
Orvalho já beijou, de língua, os crisântemos e o porteiro do meu prédio cochila uma merecida pausa.
É o tempo em que tudo silencia.
Não fosse o barulho da cama dos amantes, tudo seria pausa e quietude.
Os padeiros ainda não saíram de casa, falta cheiro de pão quente.
Até o metrô, barulhento, cala.
Paira, entretanto, em meio ao deserto do silêncio, o grito de êxtase dos apaixonados.
Quem rompe a blindagem sonora da madrugada é o canto dos amantes.
Tempo fugidio é o do amor. Suspenso entre o cessar dos gritos desconexos dos embriagados e o sono dos sabiás.
Quem dorme, nem se dá conta.
Quem ama, descansa quando despertam os passarinhos.
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