serpenteando a geografia e escorrendo por todo vale,
desliza um riacho.
Margeia as encostas e por muitas e muitas vezes desdobra em curvas, se amoldando aos pés das montanhas.
As águas que por ali e, deste modo escorrem, brotam das minas, das veredas e se fortalecem nas chuvas.
Na soleira da montanha é possível se ver a água desgastar as pedras e fazê-las rolar vale a dentro.
Umas sobre as outras, coloridas, algumas mais brilhantes refletem o sol antes de se entregar à torrente das águas.
De cima, o que se vê são as curvas e o contorcionismo que as águas realizam para ultrapassar as montanhas e desfilar aos seus pés.
As montanhas todas ao sul são como você.
Eu, riacho.
Busco transbordar com as chuvas, as minas das encostas, as veredas de Guimarães e as barragens inocentes das crianças feitas com chinelos de dedos e restos de tijolos de construção.
Vez ou outra, rolo uma pedra que brilha para que você perceba meu movimento.
Na época das águas, até pareço um grande rio e quase toco as pontas das suas curvas todas.
Neste tempo, aparentemente, perco a timidez.
Depois, volto a rolar pedras ao sol para que você olhe lá de cima.
As montanhas de minas, introspectivas, cheia de mistérios, despertam o riacho que há em mim.
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