A água que se chocou com o telhado e desceu por ele escorregando. Aquela que foi enxotada pelo limpador de vidro do carro e, também, a que escorreu pelos espigueiros da eira, logo ali no quintal. Claro, uma das mais sensuais, são as que desbravaram o corpo da pessoa amada.
Cabelos, rosto e colo, misturam-se ao suor da correria desenfreada da fuga. Viemos da água. Ainda a tememos.
Correm, então, pelo corpo suado da mulher. Fazem uma verdadeira devassa, furam bloqueios, entram pela contramão, arrodeiam as curvas, chegam a atingir os picos. Depois descem todas.
Se juntando, compondo, todas as águas escorrem pelas fendas da terra e pelos sulcos do asfalto. Serpenteiam por onde quer que se imagine.
Choveu hoje em todos esses lugares e na minha pele.
Na minha pele, foi como se dançássemos ao barulho da primeira chuva nas folhas, após meses de estiagem.
Suas gotas tocaram minhas mãos numa despedida que inicia tudo.
Amenizaram o calor, só aparentemente.
Saltam as águas todas do céu e correm pelo planalto. Logo encontrarão o rio. E mais outro rio. Cachoeira, pinguela, riachos aos montes. Em movimento constante até encontrar o mar.
Poucos saberão que naquele rio enorme que beija o mar, existe uma pequena gota que derramaste em mim, numa noite qualquer da primavera.
Eu sei.
Por saber, a procuro.
E, ao procurar, mergulho.
Por saber, a procuro.
E, ao procurar, mergulho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário