domingo, 3 de novembro de 2013

Filho do Toninho

Eu ando pelas estradas,
corto atalhos, dobro nos lugares errados às vezes, mas não deixo de seguir.
Eu falo de amor porque ouvi falar de amor.
Canto Milton porque tocava em k7 no seu carro.
Leio livros porque sempre me disse  que seria o caminho para lugares melhores.
Me revolta a injusta, porque vi você se revoltar contra ela.
Prezo o caráter porque foi aquilo que mais lutou para que tivéssemos. 
Desprezo glórias vãs, podres poderes e "vencer na vida" sempre teve outro enfoque.
Sua nobreza de caráter, sua dedicação para causas nobres sempre nos levaram a conhecer o bom, belo e justo da vida.
Nunca nos exigiu nada além do que caráter e dignidade diante da vida.
Nunca quis que fôssemos algo além do que quiséssemos, desde que carregássemos essa estranha mania de ter fé na vida.
Vibrava com cada vitória nossa, como se sua fosse. E era.
Aprendemos a ter gosto pelo estudo porque o vimos entrar todo fim de tarde em um ônibus, percorrer 250 km e chegar em casa de madrugada para realizar o sonho de ter uma Faculdade. No outro dia, fazia tudo de novo.
Eu percorri aqueles 8 quilômetros que todo santo dia você vencia descalço e com frio no interior do Paraná para chegar na escola. Pude sentir nesta caminhada a profundidade de suas raízes.
Os bates papos nos botecos ao fim de tarde quando, sem camisa, ficávamos ali a ouvir você falar de política e de transformar o mundo, molhando vez ou outra nossa chupeta num copo americano de cerveja gelada.
Pai, hoje, mais do que nunca é o seu dia.
Mas, é seu e nosso também, porque aqui dentro corre muito de você. Dentro de mim corre o rio que você fez brotar nas veredas da vida.
Você cada vez fica mais jovem, porque nunca deixou de se renovar.
E essa estranha mania de ter fé na vida e amar as pessoas é o que recebemos de mais valioso de ti.
Parabéns por hoje, por ontem e por nos incutir que o mais importante da vida é caminhar, caminhar e caminhar.
Com todo amor que houver nessa vida, um beijo do filho do Toninho.



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