Desvendar um deles leva tempo.
Dois então, um livro de poesia.
Quanto de lua cheia existe na negritude dos seus olhos?
Caminhando entre um sorriso e um cheiro seu é possível ver o brilho de lua n'água.
E brilho de lua dentro d’água é como pegar um tanto assim de estrelas e molhar.
O lençol que cobre os rios, riachos, mares e lagos, brilha tanto em
noite de lua cheia quanto o contraste branco dos seus olhos.
Um primeiro passo além de contar até cem, é ver o início do brilho
perto da margem e depois, devagarinho, alongar o olhar até se perder nos
vaivéns das pequenas ondas.
Tempestade de brilho de lua tocando lençol de água é como defino seus olhos.
E esse mar revolto e exuberante de brilho toma conta da lua, do pouco mar
e da ponta de lago que tenho guardado.
O segredo desse seu olhar se releva como lua cheia vista de uma
jangada. Primeiro um vermelhidão sem fim abrindo a temporada da noite. Depois e,
aos poucos, se levantando e se impondo por inteiro, anunciado a não vinda da
escuridão. Assim, o sertão terá luar e o brilho da lua n’água encantará todo
céu e toda estrela que sair de casa.
E o céu ficará, naquela noite, seduzido pelo lençol de água brilhante, restando
apenas corar.
Corar como coram os meninos diante do amor despertado nos primeiros
bailes da vida, entre um gole e outro de catuaba e san remy, vendido a preço
que se pode pagar com o quase nada que se carrega no bolso aos 20 anos.
Os infinitos mistérios desse seu olhar faz refletir a lua cheia em todo pedaço de água que há no mundo.
Fitá-los em noite estrelada de outono nos faz transbordar com tanto brilho de lua e estrelas. Descansar o olhar dentro deles é ser inundado por marés de sizígia.
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