Vem do mar um beijo que afaga a areia toda,
antes separada em partículas insignificantes e esvoaçadas ao sudoeste, norte, sul e onde quer que se pense.
Toda areia se junta ao toque dos lábios do mar na beira da praia. Ela se condensa e, sobretudo, se deixa levar mar a dentro.
O que virá depois desse beijo não se sabe. O mar é muito grande, o mar está em toda parte.
Quem está sentado na praia não percebe que a areia em que pisa e a água toda que se vê ao longe estão em em constante namoro.
Só mesmo escuta a onda quebrar, tomar conta de tudo e recuar para o sem fim das águas do mar.
Não é, contudo, o que se ouve entre eles.
O som do amor entre o mar e terra é outro.
Imperceptível aos nossos ouvidos.
Menos aos dos pescadores mais humildes. Estes, antes de se jogar no mar, são hábeis em ouvir cantos de sereias e de Iemanjá.
Conhecem bem o mar todo e sabem quando ele está em encanto com a areia e quando sente sua falta, se transformando em ondas enormes e tormentosas.
O canto das ondas é um eterno movimento de chegada e partida.
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