Se acordasse amanhã e não me lembrasse mais do amor.
Se estivesse sob aquele estado de torpeza matinal (aquele rasguinho de sensação de quem sou eu) e sem mais nem menos me subtraíssem o amor, acreditaria sim que a vida é nada além do cotidiano, passagens simbólicas pequeno burguesas como entrar para escola, se formar, ser profissional, aposentadoria e algumas viagens em meio a tudo isso. Pobre diabo a navegar sem saber mais por qual motivo.
Ah, sim, se de algum modo se apagasse o amor em um despertar e a vida não fosse nada além de uma desertíca vegetação sem brilho algum, só uns poucos mandacarus aqui e acolá, talvez pedisse um sonho a mais.
Quem sabe destruísse o despertador.
Se não me concedessem nem mesmo um tiquinho de sonho a mais e estivesse o despertador longe da minha cabeceira, não responderia mais por mim e simplesmente nem acordaria.
Queria ver só se não me dariam a lembrança do amor de volta.
De que adiantaria um eterno sono se a graça de brincar com o amor é justamente intervir na busca dia pós dia? Porque existe graça nas novelas? Porque lemos um romance até o fim? Um filme? Uma causa?
De nada sabe quem quer retirar de alguém o amor ao seu despertar.
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