sábado, 16 de fevereiro de 2013

Para Lucy in the sky e seu bebezão (ou uma crônica de amor na era pós-Eduardo e Mônica).

Formavam um casal de comportamento desviante.
Séculos atrás, poderiam ser queimados na fogueira. Penso que etiquetá-los como bruxos não seria nada difícl ou dramático para o sistema.
Ele desengonçado. Ela de piercing no nariz, meio punk moderninha.
Se amaram loucamente sob efeito de químicos proibidos.
O amor é uma reação química, - componente perigosíssimo e substância proibida em governos autoritários - antes que alguém tire conclusões precipitadas.
Ele é um Laerte. Ela uma Rê Bordosa comportada, uma punk com consciência.
Antropólogos sabem cuidar das pessoas.
São de uma geração perdida entre Woodstok e Maria Gadú.
Ele um prédio de Gaudí. Ela um museu da República de Niemeyer.
Ao invés da marcha nupcial, Roberto Carlos.
O cuidado com os amigos e pessoas próximas é a placa de entrada do casal inusitado.
Ele passou eslmalte nas unhas e usa roupas femininas sensuais . Ela não dá muito bola pra isso.
Estava no dia em que, depois de anos juntos, ele chega com um caminhão de vestidos cearenses falando em saudades dela. Eu loucamente concentrado em eleição e ele mais meloso que uma caixa daqueles saquinhos de mel vendidos no semáforo.
Ela uma grande mãe e pai. Ele um tio legal descolado que toda família tem.
Se casaram esses dias sem tradicionalismos. Atravessaram a rua de véu e grinalda ao meio dia para irem ao boteco com os amigos.
No dia que terminaram, o mundo caiu. Ficamos todos desconsolados, tão sem referência quanto os pterodátilos no dia fatal do meteoro. 
Porque eles se fundiram como aço quente e se tornaram uma só estrutura. Uma fortaleza de metal pesado, mas com milhares de jangadas de um mucuripe do cerrado.
Ele um flamenguista iludido. Ela prefere vídeos engraçados no youtube.
Nos adotaram como padrinhos e madrinhas.
E nós os adotamos como um casal de bruxos, alquimistas do amor no século XXI.
Ele um quadro surrealista. Ela um grafite dos Gêmeos.





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