terça-feira, 10 de julho de 2012

Folhas decaídas

As folhas secas despencadas do alto formavam os antigos buquês de flores que explodiram, sem mais nem menos, na copa e entre os galhos das árvores. Com a mudança da estação e por breve tempo, encantaram com o colorido os olhos mais sensíveis. Hoje, forram a grama. Algumas irreverentes saem para passear de mãos dadas com o vento e não retornam mais. Outras são dilaceradas pelas patas de animais. Existem aquelas que viram adubo de outras sementes que teimam em brotar.

Tempo de seca é uma suspensão que só. Ninguém quer aparecer, todos reservam o pouco de orvalho que ainda resta e se retraem em meio ao frio, porque dias piores virão.

Não há verde, somente um marrom claro, tostado pelo sol. A grama se esconde e se protege embaixo das folhas que morreram. Nem ousam esverdear um pouquinho, foram ensinadas assim por outras mais velhas e experientes.

Ao longe se vê um ipê amarelo, depois um roxo, por fim um flamboyant com um vermelho sangue que brilha de longe.

Ninguém entende mais nada

Se o tempo é de frio e de cores mais tristes, porque raios, então, essas displicentes e revoltosas árvores insistem em desafiar o que seria a ordem natural das coisas?

Duvido quem saiba, pois todos foram ensinados a pensar ser impossível. Por isso se escondem por debaixo das folhas secas.

Talvez pudessem as folhas secas caídas e espalhadas caoticamente por aí explicar, já que um dia coloriram as árvores que teimaram em desafiar o frio e a seca.

Só que não se quer perguntar nada. Quem se encolhe no frio, enxerga nas folhas que caíram, seres perigosos à ordem pública.

Um comentário:

Helô Aguiar disse...

Pá sempre doce, olhar atento, coração sensível...