Tempo de seca é uma suspensão que
só. Ninguém quer aparecer, todos reservam o pouco de orvalho que ainda resta e
se retraem em meio ao frio, porque dias piores virão.
Não há verde, somente um marrom
claro, tostado pelo sol. A grama se esconde e se protege embaixo das folhas que
morreram. Nem ousam esverdear um pouquinho, foram ensinadas assim por outras
mais velhas e experientes.
Ao longe se vê um ipê amarelo,
depois um roxo, por fim um flamboyant com um vermelho sangue que brilha de
longe.
Ninguém entende mais nada
Se o tempo é de frio e de cores
mais tristes, porque raios, então, essas displicentes e revoltosas árvores
insistem em desafiar o que seria a ordem natural das coisas?
Duvido quem saiba, pois todos
foram ensinados a pensar ser impossível. Por isso se escondem por debaixo das
folhas secas.
Talvez pudessem as folhas secas
caídas e espalhadas caoticamente por aí explicar, já que um dia coloriram as árvores
que teimaram em desafiar o frio e a seca.
Só que não se quer perguntar
nada. Quem se encolhe no frio, enxerga nas folhas que caíram, seres perigosos à
ordem pública.
Um comentário:
Pá sempre doce, olhar atento, coração sensível...
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