Quero uma religiosidade sem nome.
Sem templos, nem doutrina.
Quero o que está além de mãos, dos olhos meus e longe de nossa aquém inteligência.
Quero o impalpável, o sagrado e escondido, o inusitado, aquilo que não é óbvio, o retraído, o resguardado e imaculado.
Quero sentar no banco de todas as Igrejas, ouvir todos os cantos.
Me emocionar num lírico canto de coral, ou num bater de tambor.
Acender uma vela, um incenso.
Buscar Deus, ajoelhar diante de Nossa Senhora.
Sentir o afago dos dedos da minha Mãe.
O carinho de meu Pai.
Quero ser melhor do que a pouca coisa que sou.
Sentir o sorriso da criança, o sofrimento do mendigo, do menor do semáforo.
Não quero subir o vidro quando ele aparece pedindo atenção.
Não quero negar o centavo do estacionamento.
A migalha do pão.
A mão que conforta.
Busco um altar para esquecer minhas mágoas, não me iludir com a felicidade, nem me descuidar da solidariedade.
Quando estiver diante dele de joelhos cantarei música simples, de quem não decorou orações, de quem mal sabe falar diante de ti.
Tropeçarei em frases, em concordâncias e despertarei as discordâncias daqueles que pensam haver um modo único para chegar até você minha Mãe, Nossa Senhora da Paz, Nossa Senhora do Encanto.
Me entenda assim como sou, ouça meu desafinado canto, tenha piedade da minha mochila cheia de ignorância, de quem mal sabe nada da vida, de quem muito ainda precisa caminhar.
Sei que você não cala o canto de ninguém que venha até ti.
Isso eu sei.
Por isso, peço licença para cantar para ti minha Mãe.
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