Nos pingos entortados da chuva que se estatelaram no chão.
No vento frio que sorrateiramente adentra pela soleira da minha porta.
No filme chato e triste que vi pela manhã.
Num não que recebo do cartorário.
Num olhar de uma mãe sem o filho que está preso.
Eu me procuro numa tarde, numa manhã.
E me acho num casal pobre de músicos que tocam ante o vai e vem de pessoas que vez ou outra deixam umas moedinhas para eles.
Não exatamente neles em que me acho, nem no chapéu com parcas moedas que lhes deram.
Me encontrei no filhinho deles que sorria, ouvindo os pais cantarem.
Sorrir, quando a vida se parece irremediavelmente injusta.
É nesses clarões cotidianos que me percebo.
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