Na livraria do aeroporto de Recife uma coisa me chamou atenção, livros de auto-ajuda saltam aos nossos pés, batem em nosso rosto como pombos assustados por pedestres.
Se nunca se viu tanto isso, talvez seja porque nunca se vendeu tanto.
Nada contra os blockbusters, mordi a língua quando li "anjos e demônios", depois passei a ver de outra forma esses estouros de venda.
Lembro que antes o Lair Ribeiro era solitário no ramo. O seu "O sucesso não ocorre por acaso" habitou quase que sozinhoa s prateleiras do gênero nos anos passados. Agora não, tem-se o "o Monge e o executivo", olha esse: "Lidere como Jesus". A lista é enorme, ficarei só nas preciosidades:
- Casais inteligentes henriquecem juntos;
- Mulheres francesas não engordam;
- Seja líder de si mesmo;
- O que toda mulher inteligente deve saber.
A lista não para, evidente, por aí. Na cabeça das editoras o que nossa humanidade contemporânea precisa é motivação, saber lidar com a emoção, dietas (isso é um capítulo enorme à parte) - e para fechar a sessão de títulos, me permitam só mais esse: "O sucesso é ser feliz" - daí que o barato hoje é ser legal, para cima, domar as emoções.
Para tanto, vale tudo, esoterismo, budismo, espiritismo, montanhismo... Busca-se em outras civilizações, deturpadamente a chave milagrosa para a rendeção humana.
Claro que algumas pessoas, influenciadas pela prática do budismo por exemplo, podem e se tornam melhores. Mesma coisa vale para as igrejas evangélicas, eu as vejo hoje, como umas das pouquíssimas instituições do centro da cidade que vai até a periferia. Polícia não vai, só vai quando é para invadir, Igreja Católica depois que acabaram com a Teologia da Libertação deixou de ir, partidos só vão em épocas de eleições. As igrejas evangélicas vão. Seguidores deixam de beber e de bater nas mulheres depois que entram para a Igreja, isso é positivo.
O que me chama atenção é que tem muita saída no mercado para a busca da felicidade.
Creio que isso é sinal de doença generalizada.
Nunca se viu tanta gente com depressão, tanta gente obesa, tanta gente tomando remédio ansiolítico...Parece que padece a nossa geração.
Estamos todos doentes, uns comem demais, outros não comem para desfilar e, outros não comem por pobreza mesmo.
As ideologias, querem nos fazer crer: estão ultrapassadas.
Cazuza clamava por uma para viver...
Hoje existem 500.
Lembro que quando criança havia um livro que se chamava: "Só é gordo quem quer", onde o autor dizia que o segredo era o sal da comida, cortou o sal: corpo perfeito.
A dieta do Hatkings, ou da proteína, a fiz quando estava no quarto ano da faculdade, emagreci uns 15 kg comendo só carne. Acontece que ninguém é gaúcho o suficiente para comer só carne, por isso ela não vale.
Bom, vou parando por aqui, quero meu livro de auto-ajuda, quero um guru para seguir, quero ser feliz, quero ter sucesso e quero ser magro, com minhas emoções controladas, e blá, blá, blá...
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