Rotina

Minha rotina é ansiolítico.
Se escapo de suas duas garras um pouco, fico perdido.
Até os caminhoneiros amam a rotina. Conheci vários que em casa ficavam angustiados para pegar estrada.
Soldados de guerra vivem uma rotina massacrante, mas quando dela saem, ficam perdidos, bebem e se deprimem.
Até pouco tempo atrás acreditava que amava mudar de lugar. Via nas mudanças uma forma de manter as velhas e criar novas amizades, cada qual saberia uma parte da sua vida, nunca toda ela.
Assim, meus amigos de adolescência sabem que já fui cawboy, mas não sabem onde estou agora. E os de agora, nunca ousaram imaginar eu de cawboy, mascando fumo.
Quando me envolvia em brigas queria mudar, sumir para nunca mais ser visto.
Quando tomava um fora, também. Já quando amava perdidamente e era amado não queria mudar de maneira alguma.
Agora sinto-me dominado pela rotina...
Mudei 11 vezes já, em todas elas eu sofri, mas fui aprendendo um pouco com cada lugar, com cada pessoa.
Aprendendo que sumir às vezes faz bem e é necessário. Que começar de novo do zero é doloroso, mas dá para sorrir novamente.
Em 2008 trabalharei para que em 2009 esteja em Porto Alegre ou Curitiba.
Mas, e a rotina?
Ah, lá construo uma nova.
Já fiz tantas delas.