Numa cidade em que morei, os trilhos de uma antiga estrada de ferro eram sufocados pelo mato vingativo e, a antiga estação, não era nada mais que um monte de ruínas.
O retrato em sépia do abandono e uma captura em preto e branco dos tempos em que muitos acenos de despedida, muitas lágrimas de encontros choviam por ali.
Sempre me chamou a atenção esses templos onde vão e vem as pessoas, onde despedem e se reencontram os amores.
Em rodoviárias é ainda mais presente esses sentimentos, pois se pode ver o ônibus saindo, pode se mandar tchau pela janela, em aeroportos é mais complicado, mas ainda assim, a chegada dos passageiros é bem interessante de se observar.
Eu lembro de uma mãe viúva que colocava os 3 filhos num ônibus, em noites de domingo. Ali, na plataforma, recomendava mil cuidados à prole, deixava-os constrangidos com tamanha proteção, mas a cena era forte.
Eu me sentia mal ao pegar esse ônibus, pois de repente caíamos num escuro de estrada, deixando para trás a rede de proteção da minha cidade pequena, para estudar na cidade grande. Era triste.
Mas, o que mais me comove são as lágrimas de despedida.
Um dia, vi os pais indo para o Japão, deixando por aqui as filhas. O abraço recheado de lágrimas que eles se deram era de um intensidade indescritível.
Quando eu passava por aqueles trilhos, por aquela estação, ficava imaginando quantos sentimentos moraram ali por anos, quantos namorados apaixonados chegaram, partiram. Quantas mães embarcaram os filhos, quantos filhos choraram vendo os pais da janela em movimento crescente.
O Caetano tem um música maravilhosa que fala sobre isso, "no dia em que vim me embora" e o Milton tem sua "Ponta de Areia", ambas maravilhosas, ambas nostálgicas.
As vezes não se precisa de um bom livro para passar o tempo em estações, rodoviárias e aeroportos, basta ler a saudade nos abraços e olhos das pessoas.
2 comentários:
puxa querido!
obrigada!
volte sempre!
e teu blogue tbém é muito bom!
lugar agradável!
eu volto logo...
um beijo
Ai ai ai...
"Belo..."
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