Se sofro por amor, sofro sim.
E quem lê em meus lábios temperos de sarcasmo e mal humor, com pitadas de grosseria, pode até se enganar imaginando ser este o retrato de um desiludido cretino que não guarda em si, necas de amor.
Quem me vê sorumbático, mergulhado profundamente dentro de minhas águas revoltas. Águas doces e salgadas, pode crer se estar face a um individualista nato, cujo mundo bastante seria das minhas unhas do pé, até o último cacho mal cortado de cabelo. Um autista.
Quem me ouve ácido, descrevendo o lado ruim das pessoas, tem todas as condições de ter a quase certeza de que nada mais seria que um maldoso observador detalhista de gente. Um mal caráter fofoqueiro.
E quem me viu chorar pode ter se assustado, não acreditando que monstros poderiam correr lágrimas.
Quem me viu abandonando por aí pessoas que me amavam vê nisso uma insensibilidade psicótica.
E o que passa aqui dentro, alguém ousaria descrever?
Não tente, até eu não consigo e tenho medo.
Não tenho medo da solidão, apenas a respeito e quando em vez troco com elas socos, saio sangrando, mas a encarando de frente. E, paradoxalmente, às vezes tenho nela a melhor companhia de que preciso.
Antes de julgar-me, gostaria que passasse uns tempos aqui por dentro, verias que meus infernos diários são tão assustadores quanto o breu frio de uma noite sem lua.
Um comentário:
"Ninguém sabe a natureza dos meus infernos diários..."
Somos um pouco de tudo, desde sentimentos bons à ruins. Risadas maléficas e sorrisos cativantes. Não há porque se assustar com as possibilidades que podemos ser, pois ainda temos a escolha... podemos ser um ou outro, podemos ser vários, podemos ser ambiguos em situações distintas. Não somos estanque e nem devemos ser.
BEijocas
Postar um comentário