segunda-feira, 4 de junho de 2007

De volta

Acabo de sair, não tão ileso, da solidão.
Solidão que ensejava-me medo. Tinha medo de colocar meu bloco nas ruas, preferia os ensaios dentro dos galpões.
Não me importava se o eco da bateria ficava retumbantemente retido nos meus ouvidos, abafados por dezenas de centímetros de concreto armado e cobertura de zinco. Isso me parecia suportável e, até certo ponto, normal. É que vivia do passado.
Outra coisa, achava normal o recolhimento, a abstração e o mergulho em si mesmo, rastejar por entre quinas de casas vazias.
Não era fácil carregar centenas de quilos em costas fracas de meses inutilizadas.
Do medo mais opressor caminhei, afastando-me aos poucos, desse monstro sem rosto e sem forma.
Pequenas conquistas, idas e voltas do breu da solidão.
No final da caminhada, quase que totalmente livre dos medos, me puxaram pelas mãos, me fizeram levantar, depois partiram, fiquei meio bobo, achando que retornaria ao escuro, mas já estava sabendo andar de novo, questão de tempo rápido.
E agora, eu escrachado, solto como migalhas de pão amassado, faço a alegria dos pássaros ávidos de fome que batem e se debatem por elas em cima de portões de casas, cujos donos, possuem um grau a mais de humanidade que o senso comum das pessoas.

Um comentário:

Paloma Gomes disse...

Pápápápápá...

"Escrachado" heim??? essa palavra é minha manézinho.
Os passaros, nossa casa, você, tudo faz sentido nesse balaio de palavras soltas.
Ai ai ai.
Resta-me amar-te, mesmo você tomando bebidas numa lata de baygon.
Só tu muleque.
Te cuida