domingo, 29 de novembro de 2015

Um barco

Naquela cidade tão distante de Casablanca
o mar era apenas metáfora aos tripulantes daquela embarcação despretensiosa
sequer um barco 
somente algumas poucas lascas de madeira
tampouco horizonte, ponto de chegada ou de partida
e apenas dois tripulantes 
saíram sabe se lá de onde 
e se encontraram sabe lá por que
mas foi o vento que empurrava as ondinhas
talvez tenha sido ele quem soprou os seus cabelos a ponto de revelar a surpresa de uma bela cicratiz ao lado do seu olho
talvez tenha sido o vento
ou o seu vestido
quem sabe o sorriso
ou mesmo aquela incerteza desafiadora do mar da cidade distante de Casablanca
navegaram em mares profundos e contaram mais de 1001 histórias
abraçados, balançavam como piratas num antigo rio do cerrado
E a noite apenas observava todo aquele falatório
embora prestasse mais atenção naqueles que nadavam sem roupa
A noite acabou, passaram frio juntos
se aqueceram com a pele emprestada do outro num abraço interminável
a embarcação que rodou o mundo chegava ao seu porto
visitaram tantos lugares
imaginaram tantas pessoas
vida e morte
mar e lua
frio e pele
e o mar era apenas metáfora aos tripulantes daquela embarcação despretensiosa
que sem ao menos saber de onde partiam e para onde iriam
aceitaram a travessia
por que a vida, no fim, é esse entremeio entre chegar e partir








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