sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A chuva

E tudo mais que há na terra, a chegada da chuva.
Ninguém sabe ao certo qual foi primeira gota que se estabacou, o que a gente lembra é do primeiro trovão e daquela gotinha que tocou a nossa pele.
O barulho do trovão e o toque na pele.
O toque que provoca um ligeiro arrepio.
O trovão que parece entrar coração a dentro alterando os batimentos.
A chuva chegou e eram dez horas.
Esperar pela chuva é quase tão bom quanto viver a sua chegada.
É que a chegada é a soma multiplicada das preces oferecidas ao céu para que ele, em água desabe.
Para que os sulcos da terra deixem de sangrar e faça brotar a flor.
E os lábios rachados pela seca, com o beijo da chuva se lambuzem de molhado.
E tudo mais que havia na terra, virou chuva.
Enxurrada.
Corredeiras.
Com barquinhos de papel soltos pelas crianças.


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