segunda-feira, 28 de julho de 2014

O mesmo quadro

A moldura é diferente, mas o azul salpicado escorre e abusa do vermelho.
A cor de sangue bate no amarelo e retorna. Logo adiante, centímetros à cima, um sinal de passagem de pincel como um arranhado.
Pontos e mais pontinhos verdes, infinitos.
Passo os dedos pela textura e fecho os olhos.
Tento adivinhar os desenhos. Fico em dúvida se meu indicador toca uma plantação de trigo ou um riacho.
O relevo mais encorpado de tinta indica um tempo mais compassado de descanso ou mais força na pintura.
Demoro um pouco sobre essas gotas mais grossas.
Abro os olhos e, o que era plantação de trigo, se tornou meia lua.
As saliências, estrelas.
Em cima da lua, corpo de mulher nua.
E o que parecia riacho, mais estrelas.
O mesmo quadro.


 

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