Aquele começo de noite, restos de sol e início dos reflexos na pedra, lampejos de brilhos das luzes dos postes no chão sou eu.
O pedaço de muro descascado caindo o reboco, também.
Assim como a janela que dá para a praça central, com vista para o coreto.
O chão de pedras irregulares, o rio que esbarra na casa de Cora, a ponte, o menino que corre, a rede que balança.
Aquele tempo cadenciado do casal que coloca as cadeiras na calçada para pegar uma fresca.
O carrinho de pipoca.
O de algodão doce estacionado perto da igreja.
Tudo isso é você.
O rio que corta a cidade e a divide entre alta e baixa, também.
É cheio de curvas, como o seu corpo.
Para banhar tem que tirar a roupa.
A música das mulheres que lavam a roupa na beira do rio que é você, aquelas melodias: você.
O mirante de onde se avista a cidade de noite, parecendo um chão de estrelas, era o que eu te daria numa noite qualquer.
O menino que pula no rio, de cima da ponte, sou eu.
As águas e as correntezas, você.
Os becos eu não sei, talvez você, porque neles eu sempre me perco.
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