domingo, 1 de dezembro de 2013

Repousa

Repousa no sofá da sala dos meus devaneios
certa
g
o
t
a
de inquietude.
Como uma nascente saída de descascados pedaços de massa corrida e restos de tintas gastas, se lança lá de cima e cai como uma bomba insignificante na minha pele.
Se fosse só uma, talvez a desconsiderasse.
Fossem duas, quem sabe só enxugasse e virasse para a próxima página do livro que, desconcentrado me ponho a ler. Mas, são tantas que nem me comover eu posso.
Algumas indiferentes ao meu corpo, caem no tecido do sofá, outras na madeira do taco.
Recíproca indiferença. Elas não tocam minha pele e eu não tenho vocação para ser solidário com panos.
As que tocam minha pele a cada 2 ou 4 segundos, despertam a intranquilidade.
Um incômodo bom.
Inquieta minha alma.
Desperta a vontade de movimento.
Saio de casa.
No sofá dos meus devaneios nada muda para aquelas gotas que caem fora de mim.
Para as que me tocam, quem sabe noite de lua e canção da estrada.




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