Entrequadras e curvas de tesourinhas pela manhã,
ruas, flores de ipês e barrigudas pelo chão,
agosto em seca.
O vestido preto, corpo magro, cabelos brancos,
aparentemente elegante.
Nas mãos, sempre uma sacola ou bolsa.
Retrato inacabado da solidão. Ao menos para a que habita em mim.
Entrequadras e curvas de tesourinha pela noite,
corpo esguio, mesmo vestido preto,
início da chuva. É primavera.
O rosto moreno de sol, traços e rugas de anos vividos.
Terceira margem do rio. Ao menos para o que corre em mim.
Entrequadras e curvas de tesourinha.
Pouco sei o que me leva a notar Joana sempre só e andando. Ora subindo, ora descendo a minha quadra.
Muito menos sei se, de fato, ela é solitária ou porque veste sempre a mesma cor e, aparentemente o mesmo vestido.
Raras vezes em que conversamos, me pediu um café e falou algumas coisas desconexas.
Quem não gosta de café e fala coisas desconexas?
Pode ser andarilha, ter tido um problema sério na vida, perdido o prumo. Terceira margem do rio.
Pode tudo.
Todas as impressões são só as minhas impressões sobre ela.
Tudo divagação.
Tudo solidão que há em mim.
Terceira margem do rio que corre pela minha aldeia.
Joana é apenas Joana.
O resto, todas essas tortas divagações de meu texto, são só as minhas divagações.
Como as entrequadras e curvas de tesourinhas são só entrequadras e curvas de tesourinhas.
E nada mais.
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