Assim como a pessoa amada, se destacam em meio aos biomas. Claro, o conjunto todo tem sua beleza, mas diante da monumental repetição da paisagem sempre olhamos para o que nos subverte.
São bonitas as rosas, tulipas e outros exemplares de vegetações europeias. Fomos treinados, pelos filmes, a ter como padrão de referência estética os jardins dos palácios ocidentais que nos colonizaram.
São belos, repito. Magníficos e imperdíveis.
Burle Marx rompeu essa lógica do paisagismo e, para nosso deleite, apresentou-nos exemplares da Amazônia, do Cerrado e da Mata Atlântica. Fez mais, fundiu todos eles em estupenda harmonia.
As flores do cerrado subvertem.
São inexatas, tortas, imprevisíveis e extremamente sensuais.
Cores fortes, não só rosa, não só vermelho, mas muito amarelo, rosa, laranja, roxo, branco e um outro tanto de cores que eu não sei o nome.
Seus nomes são os mais bonitos. Guarapaíba, chapéu de couro, gravatá, jataí do campo, barriguda do cerrado, ipês. Com licença para falar da Flor de Mandacaru, tão rara e tão bela na caatinga.
São desafiadoras, rompem padrões. Surpreendentes as flores do cerrado.
Ainda guardo, na memória, o cheiro do jardim da praça central da minha aldeia. Sibipirunas se destacavam no paisagismo e aqueles fins de tarde exalavam um aroma inesquecível e único. Encontrei um parecido nas entrequadras da 404 sul, mas nada perto do que trago na lembrança.
Flores do cerrado, como a pessoa amada, desafiam a estética comum. Chama-nos atenção porque algo entre os olhos, cérebro e coração entra em pane. Ebulição.
Rompem biomas e desafiam a lógica da paisagem costumeira.
Rompem biomas e desafiam a lógica da paisagem costumeira.
São inexatas, tortas, imprevisíveis e sedutoras, como a pessoa amada.
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