Se dormir é morrer desço, por algumas breves horas, ao incortonável da natureza,
imerso entre monstros feitos de retalhos e rasgos da consciência.
Aos poucos sinto que a morte breve do sono é melhor do que dizem da verdadeira.
O sono traz gente viva e problemas imaginários. Mesmo assim, problemas.
Os problemas movem a vida, mas porque aparecem na morte breve?
Segue a lógica de viver.
Viver é solucionar ou postegar a resolução de imaginários problemas.
Gente viva.
Voltando ao sono, pois lá estive contigo.
Entre cores novas, lugares indefiníveis e falas desconexas eu te vi.
Os olhos grandes prendiam-me por hipnose.
O cabelo liso e leve levantado pelo vento de um começo de temporal.
Escureceu e esfriou.
Raios confundem minha visão e batidas de janela compõem a sinfonia com os pingos da chuva.
Não conseguia distinguir o que molhava minha boca, se gotas grossas despencadas do céu ou seus lábios.
A rajada de vento no meu peito ou seu corpo colado na minha pele.
E nem lembrei mais do frio lá fora.
A confusão entre o que era o corpo seu, a enxurrada, os galhos quebrados e o que de mim restava era tamanha ao ponto de não saber mais de nada.
Deixei fluir, assim como a água exige.
Nada segura o fluxo inevitável do sentimento.
Acordei, lembrando dos compromissos chatos do dia.
Mas, depois desta noite, a lembrança confusa do que era você e do quanto era chuva forte, reinava em mim.
De alguma forma, a morte breve trouxe o que quero em vida: o gozo de uma tempestade.
4 comentários:
Pá, incrível! Ontem vc disse q não estava dando mais tempo de sonhar. Que bom q isto mudou...
E eu que não conhecia o Patrick poeta! Belíssimo.
Faço minhas as palavras do Marcelo, por mais que faltem palavras para simbolizar o que a poesia produz em nós. Belíssima mesmo. Parabéns, meu caro.
Faço minhas as palavras do Marcelo, por mais que faltem palavras para simbolizar o que a poesia produz em nós. Belíssima mesmo. Parabéns, meu caro.
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