sexta-feira, 7 de outubro de 2011

As três rosas brancas de origami.

Tenho grande curiosidade por observar as pessoas, principalmente em viagens. Uma rodoviária é quase um aquário colorido para meus olhos. Um aeroporto então, nossa, que fascinante!
Nesses ambientes é possível ver a vida em frenético movimento. São casais que se despedem, que se reencontram, filhos e pais, caixas, malas, barulhos, cães e gatos não entendendo nada daquilo tudo.
A viagem em si é tão fantástica quanto a sua espera e chegada.
Certo dia, em um avião, casado de atrasos e arrumação de voo, ar condicionado com defeito, uma criança, sem entender muito o que fazia ali, pululava entre mãe, avó e os outros passageiros.
Nada é mais atrativo para uma criança que estar a três passos dessas duas entidades. O pequeno não parava, ia de uma poltrona a outra como um átomo, como um urânio enriquecido descontrolado prestes a explodir o que pela frente viesse.
Ao meu lado, uma mulher trabalhava em seu notebok e era interpelada constantemente pela criança que queria, além da atenção, apenas teclar aleatoriamente com e para ela.
E nisso vão se as horas, moleque vai moleque vem, como partícula de física quântica.
Atrás, a avó meio destemperada, não contente com o enérgico neto, também dava seu showzinho à parte, inda mais que bem do seu lado, havia uma mulher que tinha fobia de voar.
E nisso vão se as horas, moleque vai moleque vem, como partícula de física quântica.
Ao final, após uma conturbada viagem, meninho quântico dormindo nos braços da mamãe, pousamos.
Enquanto ligava o celular, mesmo antes da permissão, eis que o rapaz da nossa frente aperta o barulhento sininho do serviço.
Plim!
Quando a aeromoça chega para ver do que se tratava, recebe três rosas brancas de origami, uma para cada colega de trabalho.
Enquanto não podemos contar com jardins no céu, brinda-nos a beleza de uma rosa branca de papel, feita ali, num improviso de um voo conturbado, sem maiores pretensões além da chegada.


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