Acorda cedo, no escuro, antes mesmo de todo mundo.
Tem as mãos duras e riscadas de tanto tocar a terra, fundir o ferro.
Comida simples, retratos em preto e branco, fisionomias com sulcos pelo sol sem protetor. São famosos em fotos do Sebastião Salgado ou quando ocorre uma desgraça na favela. Quando algum vizinho faz alguma coisa contra alguém do centro da cidade.
Dentes maltratados deixam o sorriso com um quê de vergonha, a ponto de ser tapado com a mão quando na frente da amada pretendida.
Bebida é a corotinha de pinga a 50 centavos no boteco da esquina.
Vinho? Só o da missa.
Só que missa, com vinho, não chega até eles, só mesmo lá na cidade que é longe.
Diversão? Um jogo de futebol na TV, uma partida de sinuca com os amigos.
Fala simples, com erros de concordância, mas que erro o quê se escola lá não chega? Se professora lá não vai?
Sonhos?
Sonhos simples, construir um banheiro novo, um puxadinho, uma TV de 29 no carnê e o mais presente de todos: ganhar na megasena.
Asfalto? Quem sabe na próxima eleição.
Enquanto isso, na chuva, lama. Na seca, poeira.
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