Não sei se ainda há, já que tempos são de internet e de outras tecnologias. Mas antes, em parques de diversão o babado era o cinema 180 graus.
Uma lona de circo, um caminho escuro e uma tela gigantesca. Se ficava em pé, enquanto imagens em movimento ocorriam na telona, geralmente uma montanha russa e suas incontáveis curvas e movimentos surpreendentes.
Tonto nos deixava.
Eu me perguntava, porque não uma viagem pelo céu, numa noite de céu estrelado?
Menino urina em qualquer lugar. No interior, naqueles mais afastados. Era, pois, nessas horas queu tinha o céu todo para mim. E o bem estar de esvaziar a bexiga se coadunava com o de viajar pelo céu escuro, tocar estrelas. Quando terminava, antes de chacoalhar, ficava um tempo absorto em soltas idéias sobre o futuro, sobre mim mesmo, sobre o céu infinito e pleno, até que me lembrava que o que tinha ido fazer, já tinha feito e, bem! Era hora de voltar para a terra.
Distrair era comigo mesmo, ainda mais quando a aula era chata, não tinha rédeas não, ia para onde o vento levasse, nisso derrubava minutos e mais minutos entediantes.
Quando não tinha nada para viajar, me imaginava ganhando na sena e o que faria com o dinheiro.
Na piscina do clube também, adorava ficar flutuando e imaginando coisas, pessoas, situações, em como seria passar no vestibular.
Hoje sinto falta desse urinar mais irresponsável, desse flutuar ocioso.
Me sobraram as reuniões chatas em que eu vou longe, bato asas.
Mas, falta ainda, aquele prazerzinho de bexiga vazia que, junto com o céu, me fazia divagar.
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