No frio eu me retraio,
busco cinzas quentes de lascas em fogueira.
Em redor, o vento.
Está seco,
os lábios se arranham ao tocarem,
os olhos precisam de lágrimas.
A pele também sente.
Frio e seca são impiedosos, mas não totalmente.
Um como outro, se sensibilizam.
Basta florir.
Não sem razão, florescem os ipês e os falmboyants.
De tão belos, depertam a atenção do céu.
As nuvens, em reposta, tentam formar desenhos de mulheres nuas. Sensuais e pervertidos.
São seios, bocas ansiosas, bundas e pernas.
Mas, o que busca o Ipê é a lágrima do céu derramada em seus pés.
Não se contentam com meros enfeites de algodão doce postados no céu azul.
Querem em suas raízes o molhado.
Delicadamente se preparam para o dia em que o céu ficará a seus pés.
Nesse dia, depois de tanto sofrerem pela falta de água, perdem as flores, ficam feios.
No entanto, despidos e prontos para com o céu transarem durante todo um verão.
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