segunda-feira, 28 de abril de 2008

Convenções

Desde pequeno me ensinaram a dividir o meu brinquedo com moleques chatos, filhos de gente chata. Não adiantava falar para mamãe que aquele menino era um filho de uma puta. Eu mesmo pequeniníssimo, via no olhar da mãe daquele safado que ela era falsa e que metia a guampa no seu marido.
Mas, tinha que me conter, afinal tínhamos que ser amiguinhos e papai do céu não gostava que somente eu brincasse com o MEU brinquedo.
Tudo bem, até aí vai, mas quando tive que dar minha bicicleta para aquele 4 olhos duma figa que mal sabia andar em dois pés... a não, paciência tem limite! Dei um tapa na cara do pilantra. E recebi umas 4 cintadas de mamãe em resposta.
Adora me coçar quando pequeno, o saco e as costas então... que delícia! Mas a professora me perguntava se não tinha educação não para fazer aquilo, pensei em responder assim:
"se você tivesse um saco coçando queria ver sua educação", mas ela era a professora.
Um dia, antes da aula começar, disse para a professora que o Luiz Gonzaga havia morrido, para puxar papo e tal e ainda por cima informar as outras crianças que não assistiam ao JN. Ela se vira para mim e diz, e daí? Ô vontade de responder, tá bom professora quando a senhora morrer também vou dizer: E DAÍ, sua tosca!
Você fica mais velho e outras convenções surgem... Na política então, você tem que ter saco para aturar um cara que quer furar seus olhos e, depois ainda ter que dar um tapinha nas costas do cretino.
Ouvir os outros contarem mentiras e, não rebater, é outra coisa que as convenções nos ensinam.
Elas, as convenções, mascaram muita das vezes nossa sinceridade. Vamos guardando, guardando e de repente estouramos.
Como seria eu hoje, se tivesse ignorado o que me diziam pensar o tal do papai do céu?
Se tivesse respondido a professora à altura da ignorância dela?
Se dissese na cara: é mentira!?
Não sei se seria melhor ou pior, mas que existem convenções demais para de menos seres humanos, isso eu não tenho dúvidas.