quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Altos e baixos

Esses dias, quando voltei do dentista, meu mundo desabou. Há tempos não me deitava naquele divã diabólico que nos remete às formas de interrogatório da santa inquisição e, dos porões do regime militar no Brasil, bem como de outras formas totalitárias de exercício de poder.
Saí derrotado, totalmente derrotado.
No outro dia, tenso e com dor nas costas, fui de novo para o divã, mas passou tão rápido que nem notei e a dor a qual esperava feroz e destroçante, não veio como tal.
Engraçado, eu sofro muito por antecipação, muito.
É instinto de defesa, você se prepara para uma catástrofe e o temporal passa com algumas gotas e raios desordenados.
Por que eu sofri? O tratamento não seria para o meu bem? Na lógica, não era pra fazer o que teria que ser feito para o bem dos meus prórpios dentes? Pois então, porque o sofrimento?
Sentir se totalmente exposto, dá nos a exata medida da nossa vulnerabilidade. Um paciente que recebe a notícia de que tem câncer, na hora desaba, passa uns dias e outros, até que o sentimento do inexorável se aproxima e fica ele sereno.
Por que isso não acontece antes, porque imaginamo-nos rodeados de bruxas com vassouras, quando na verdade não passam de meros pernilongos de verão?
Se eu estou com medo de fazer 28 anos? Não, aniversários nunca me abalaram, nem os meus, nem os dos outros, não gosto da musiquinha.
Antes, até tinha um planejamento, ói as 17 anos serei isso, aos 24 isso, meu último planejamento tem haver com os 30 anos, mas não sei se cumprimerei minhas próprias ordens...
Não estou mais nessa, ando é observando o mar que passa lento da proa do meu navio, sem querer ir pra lugar algum, ando só olhando.

Um comentário:

Paloma Gomes disse...

Querido Ermano...

"Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida

tengo miedo de las noches
que pobladas de recuerdos
encadenan mi soñar

pero el viajero que huye
tarde o temprano detiene su andar
y aunque el olvido que todo destruye

haya matado mi vieja ilusión
guardo escondida una esperanza humilde
que es toda la fortuna de mi corazon

Sentir que es un soplo la vida
que vinte años no es nada
que febril la mirada
errante en la sombra te busca y te nombra

Volver con la frente marchita
las nieves del tiempo platearon mi sien"