quinta-feira, 22 de novembro de 2007

0,50 R$

Bem alto o som dá barato,
no almoço eu te toco,
não sem antes ser tocado.
E o meu tédio continua,
me deixa travado, tudo é pra depois, nada para já.
Sair disso eu quero?
Tô bem assim, será?
Não perder por não arriscar.
É o investimento conservador, nada de grandes altas de nasdaq, minha economia é a de butequim organizado.
Meu bar é daqueles cujo baleiro tem o formato de árvore, com várias tampas que fecham compartimentos a serem abertas com rosca, meu balcão é daqueles de vidro e foi quebrado por uma bola 5 que espirrou da mesa de sinuca.
Tasquei no vidro o adesivo que tinha.
Ainda tenho paçoquinhas e geléia de mocotó.
Bala sete belo na estampa antiga.
É claro que tenho sodinha.
Minhas cadeiras são as que peguei emprestado da casa de minha querida avó.
Meus clientes ainda usam cadernetas.
Fecho as portas e pego minha bicicleta Monark.
A fachada foi feita por um amigo pintor que morreu de Parkinson e tem mais de 30 anos.
Preciso reforçar a tinta?
Não sei, há quem veja isso como nostálgico. Por esses dias uma equipe de cinema queria fazer locações lá no meu bar, respondi: passem depois do fim de semana, preciso de tempo pra pensar nisso, mas se quiserem jogar sinuca a ficha é 50 centavos.

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