quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Os Ipês

Fazia tempo que não via um pôr do sol como aquele e, tempos havia também, desde a útlima vez em que tacou pedras num alvo posto entre os galhos de uma árvore retorcida. No meio do nada, sem gasolina, bebeu no vento antigas sensações de liberdade e introspecção.
Antes de parar no Km 27, nadou e contou os ipês pelos quais passava. Eram poucos, mas inesquecíveis. Naquela sequidão cinzenta e bege, o amarelo de suas flores despertava nele esperança.
No bolo de arroz de Dona Inez, perto da casa de Cora Coralina, revistava todos os cafés da manhã que havia tomado em seus 27 anos. Nenhum tinha sido, até então, melhor que aquele.
Em frente à rodoviária antiga pensava em quantos haviam embarcado, deixando nos olhos de quem ficava um punhado de lágrimas e um tanto assim de saudade.
No km 27, agora já sem pôr do sol, sorria ao lembrar de um fim de semana especial.
Lembrava do sorriso e das esperanças dos alunos que vieram de longe, muito longe para aquela Vila mágica, vila de doces, de igrejas antigas, histórias passadas, de um tempo de ouro.
De Cora restou a casa, as palavras e as receitas de bolo com os quais fazia a alegria dos pobres da Vila.
E nos seus 27 anos, perdido naquele km da rodovia, pensanva no que tinha feito e, no que deixaria... A primeira coisa que fez ao chegar em casa foi buscar uma receita de bolo, pois as pedras que havia jogado ficaram para trás, assim com as flores dos Ipês, o Sol vermelho e você.

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