terça-feira, 28 de agosto de 2007

Julgamentos

Nos jornais de hoje leio sobre um julgamento de políticos na mais alta corte do País. Mas, não é sobre isso que busco aqui falar. Falo sobre outros tipos de julgamentos. Aqueles que realizamos e que "os outros" realizam sobre nós.
Julgamos e somos julgados por muitas coisas. E, também, imaginamos (sem estarmos de fato) que julgam-nos.
Servem-nos, para tanto roupas, dentes, cheiro, palavras, gestos, corpo, opiniões, uma soma infinitas de parâmetros meio que atabalhoadamente presentes no nosso inconsciente.
O obeso ao entrar num avião sente a avaliação (talvez suposta) das pessoas com as quais dividirá a fileira de cadeiras. Cada senhor ou senhora da fileira que ele passa e, não senta, respiraria aliviada na vã esperança de que ali ao invés do amontoado de quilos que caminha, venha a se sentar um Geoge Cloney ou uma Fernanda Torres (sou apaixonado por ela, por isso a coloquei e não uma Juliana Paes, como seria mais previsível). Assim, ele projeta um julgamento (seu) que pode ser de fato verdadeiro no todo, ou mesmo em parte, mas que não bate com a realidade porque ele (obeso) projetou isso, muitas vezes calcado em sua baixa auto-estima.
Invertemos o exemplo. Li hoje ou ontem nos jornais, que aquele ex-BBB, o caubói, foi preso porque jogara o carro em cima de um porteiro que não o reconheceu como estrela, fechando as porteiras (permissão ao trocadilho) da área vip do rodeio de Barretos. Aqui, o ex-BBB quis ou imaginou que seria ungido sempre à categoria de estrela pop e, dessa forma, as portas (eiras) do mundo sempre se abririam para seu reluzente caminhar.
O inominado obeso projetou um julgamento trágico para sua pança e, o caubói, uma eterna queima de fogos de Copabacabana para seu "abre alas que eu quero passar".
Tanto um, quanto outro, ao imaginarem como seriam julgados pelo outro, anteciparam o voto alheio (tá na moda), redigiram sem permissão o julgamento do "outro". Por isso, sofreram.
Antecipar ou projetar julgamentos pode acabar nisso, dor. Digo que pode, porque às vezes temos o dom da clarividência e acertamos o que o outro pensa sobre nós, mas eu prefiro, atualmente (porque já fiz como o caubóio e o obeso muitas vezes), não tentar antecipar nada, aguardando sereno o julgamento - se é que será feito, porque quase sempre somos indiferentes ao "outro" - com a consciência de que a avaliação alheia sobre nós, será sempre equivocada.
Se for boa demais, sabemos que não somos tão assim (ninguém é) e, se muito negativa, todos nós temos o caminho das cartas que trazemos escondidas sobre nossas mangas. Usamos-as para uma cartada fenomenal (um zap) ou, até mesmo para um blefe magistralmente inesperado.

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