Ouvindo "espelho", de João Nogueira, eu me lembro das coisas que lhe disse ontem.
É bom falar coisas de amor, sente-se humanamente exposto.
No dia a dia, falamos muitos "alôs", bom dias e tardes, "vou encaminhar", "entrego o processo hoje, acho que a conjuntura e a correlação de forças"... essas coisas todas, códigos da nossa comunicação formal contemporânea.
Nesses diálogos, não há tempo para transmitir e sentir essa braçada profunda nas águas desse fosso carregado e impregnado de belas coisas.
Essa comunicação é chata, desprovida de água como o chão daqui por esses dias.
Mas, dá pra fazer dessa comunicação formal algo gentil e carinhoso, é só colocar ao final dela um abraço, um se cuide, ou como você está? No entanto, ela não chega aos pés daquela em que nos despimos e descemos morro abaixo numa noite de lua cheia, sozinhos.
Ontem, me senti assim, livre e nú de formalidades, logo eu que sou todo reservado e pouco "pra frente" nessas coisas de amor.
Eu, que sempre espero a pessoa chegar em mim, que não ouso dar um passo a frente por medo de tropeçar, falei tudo. Poderia ter falado melhor, mas falar já foi uma grande coisa.
Tentem isso gente, falem coisas de amor sem medo, para tanto, é preciso antes ver se são as coisas verdadeiras e se o interlocutor realmente mereça você assim, todo despido, inteiro aberto, visceralmente visualizado. Se sim, resgue-se e entregue seus pedaços um a um a quem se gosta.
4 comentários:
Tarefa árdua essa! Para despir-se assim é preciso sentir-se seguro primeiramente e mais que isso é imprescindível que o ouvinte tenha um "Q" de sensibilidade.
Espero que asism o seja.
Beijocas
VC me recebe,Anjo?
Recebo sim Leãozinho.
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