sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cutícula

Quem diria que a retirada de um pedaço de pele, na base da unha, pudesse ser tão bom quanto
uma sessão de terapia.
Sempre ia, quando pequeno, com minha mãe em salões de beleza, talvez daí meu gosto pela leitura de coisas fúteis e revistas sem conteúdo quando em salas de espera. Lá, se vê revistas de fofocas, de fotos e de cortes de cabelos... Mas, eu gostava mesmo era de ouvir as conversas das mulheres enquanto turbinavam a auto-estima com cuidados no corpo.
Ficava atento, uma queria terminar com o marido porque ele não dava mais o rendimento sexual que ela precisava, outra tinha o gato adoecido, prestes a morrer. E tinha também a ida de minha mãe a uma loja de materias de tricô, chamada Marlene Boutique, lá também tinha muita conversa sobre segredos de liquidificador. Nem se importavam com a minha presença, às vezes faziam gracejos de que iriam se casar comigo quando eu tivesse mais idade. Morria de vergonha, mas gostava das promessas daquelas mulheres, nenhuma delas cumpriu é verdade, mas gostava...
Hoje, resolvi tirar minhas cutículas, fiz uma regressão filha da puta, pois nem sei mais da última vez que outra pessoa havia cortado minha unha, foi como uma onda na cara...
Deu uma vontade de conversar com a menina que tocava minhas unhas, perguntei pra ela do namoro, da vida...
Um puta momento de paz.
Talvez, porque tenha me jogado em meio às mulheres do salão que minha mãe frequentava e daquelas promessas de amor não cumpridas...

3 comentários:

Paloma Gomes disse...

KKKKKK...
Marlene foi ótima. Me recordo que sempre diziam: "esse filho da Zô é tão bonzinho, nem dá trabalho"
Mal sabiam elas no que daria esse Patrick.

fernanda barreto disse...

saudade.

tatiana reis disse...

eu já fujo dos salões...
e não aguento de agonia com alguém me lixando os pés..ou as unhas tão finas da mão.

mas gosto muito de te imaginar
pequeno tão atento ao redor.
=)