domingo, 5 de julho de 2015

A Rosa

É preciso, mais do nunca, encontrar a rosa.
Já nos tiraram tanto
pouco resta de algum sentido que tínhamos.
Mais do que nunca é preciso encontrar a rosa.
A despedaçaram, quebram~lhe o caule e perderam o respeito pelos seus espinhos.
Pisotearam seu entorno e cortaram fundo a terra que chorou
É preciso encontrar a rosa.
Os muitos pássaros que haviam se foram
Joaninhas há muito não dão as caras
É preciso uma tarde com a pessoa amada no sofá
Outra tarde e mais uma
muitas tardes de amor no sofá
O vermelho da rosa, que é o vermelho dos lábios da boca desejada, perdeu a cor
O medo veio e rabiscou tudo
Quando o vermelho perdeu o tom, cresceu a desesperança
Tolheu-se os sonhos
Foram se as bandeiras arrancadas pela ignorância fascista
Mais do que nunca é preciso encontrar a rosa
Ainda que seja somente numa manhã, entrelaçando as pernas com que se gosta no sofá
Ainda que seja na delicadeza de passar o café e levar na cama ou com as pernas pro ar numa rede
Todo esse medo e essa agressão desmedida, exige que se procure a rosa
Seja num telefonema ou seja numa manifestação com cores veremelhas
Os meninos e o povo no poder eu quero ver
Os tempos anunciam que a tempestade parece ser o único caminho
É preciso encontrar logo, mesmo que pareça impossível
Uma rosa
Ainda que no vermelho do batom da boca que tanto se deseja

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