Quis fazer uma lista das palavras e usos portugueses que mais me encantam. A primeira é calhar. Se calhar, pode ser uma boa. A segunda é ó pá. A terceira é saudade.
Saudade só poderia ter sentido por lá. Se calhar, ó pá, é culpa do Tejo.
Porque o Tejo, todos sabem, nasce lá na serra de Albarracín a mil quinhentos e noventa e três metros de altitude e serpenteia por outros mil para descansar no mar. O que ele foi ter lá, ninguém sabe. Desconfio apenas que dele, do seu estuário, muitas palavras novas devem ter surgido. Porque é um lugar de partida e no qual se espera a chegada. Lugar por onde se vai. O Tejo desce da serra espanhola e vem vindo até se abrir ao mar, empurrando as embarcações para além dele.
Para o que virá. O descanso do Tejo no estuário, metáfora da vida. Plena de chegadas e de partidas. Lugar em que, se calhar, nasceu a palavra saudade ó pá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário