Sou um poeta às avessas, troco a
noite pelo dia. Acordo de madrugada, vejo operários nas ruas e velhinhos
levando o carro pra lavar. Canto que meu delírio é a experiência com coisas
reais e minha alucinação é suportar o dia a dia. Sou um poeta às avessas, não
terei overdose, tampouco tuberculose, até peço desculpas se o decepcionei, mas
não descarto morrer de sofrimento ou engasgado pela própria gargalhada. Meus
versos todos falam daquilo que vejo, do que penso que vejo e do que nunca
verei. Poeta às avessas. Nasci numa pequena aldeia e a abandonei bem cedo, mas
nunca esqueci que sou de um pequeno lugar, bem no meio do tudo e do nada e é
pra lá que sempre volto. Troco amores por dores e a palavra, toda tropeçada,
sai de mim embaralhada formando saudade. Sem querer, crio rimas, poemas e
esqueço das tremas. Busco sempre colocar um rio no meio da palavra amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário