Se minha vida fosse um filme, ganharia um Oscar?
Melhor roteiro original, será?
Melhor fotografia?
Melhor trilha sonora?
Melhor ator, ou melhor ator coadjuvante?
Sei não, roteiro original é difícil porque sou a soma das pessoas que conheci, dos livros que virei as páginas, das tristezas que tive, dos dias em que sorri pra caramba, daqueles em que fui mesquinho, dos que fui insensato e, também, daqueles em que senti realizar obras realmente importantes para o tempo em que vivo.
Alguma coisa de original na minha vida? Acho que não, se não tive a coragem de um Che, também não tive a acomodação de um burguês consumista, fiquei no meio termo, mas não me culpo, sou filho do meu tempo e hoje, sabemos todos, vivemos tempos medíocres, letárgicos, em que não há mais solidariedade entre as pessoas, mais sensibilidade.
Tempos em que não há mais cuidado com "o outro", este é visto como o possível inimigo, por isso fechamos a janela dos nossos carros quando uma criança maltrapilha nos chama.
A desgraça alheia é o que tem (e dá audiência) na TV, nada de bons filmes, de bons exemplos, você é o que você consome, é respeitado por aquilo que tem, não pelo que é.
Por isso, não tentei ser um Quixote a derrotar moinhos de vento. Durango Kid só existe no gibi e quem quiser que fique aqui, entrar para a história é com vocês.
Veneramos heróis do passado, tamanha é a ausência de heróis no nosso tempo. Para não ser injusto, meu herói do presente foi aquele motorista de trator que acabou preso por desobediência, ao romper em lágrimas em ter que derrubar uma casa humilde, por ordem de desumano juiz. Esse é meu herói, como ele tantos outros há, mas não nos mostram. Meu herói foi para cadeia por se recusar a destruir um lar alheio.
Repito, sou filho do meu tempo e vivemos tempos medíocres.
Fotografia? Improvável... andei muito já, mas falta muita paisagem a ser vista.
Trilha sonora: ollha só, tem muita coisa boa que eu já ouvi, mas muita que não, sem chance!
Melhor ator? Não sendo James Dean, nem um Grande Otelo, acho que me contentaria com uma estatueta em Gramado. Tá, não sou porra nenhuma, concordo. No entanto, tenho feito algumas peças, algumas graças, alguns dramas, um romance, por isso, me canditaria em Gramado sem problemas de consciência.
Bom, desisto! Definitivamente, minha vida não receberia nenhum Oscar.
Se há um consolo nisso tudo?
Sei lá, talvez o fato do THE END ainda estar em aberto.
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