sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Cartas não enviadas

"Pensei que fosse mais fácil guiar-me pelas palavras do que falar algumas dessas coisas que escreverei aqui a você pessoalmente. Ledo engano.

Talvez por serem os caminhos dos sentimentos cheios de surpresas, um território pouco conhecido, que nos surpreende a cada passo.

Acreditei ser mais fácil me proteger atrás dessas letras desordenadamente escritas e de uma singela rosa. Daí que busco aqui a ousadia que me falta em outros momentos.

Eu queria lhe dizer que não me fez nenhum mal você ter ficado com alguém; fez, não nego, que eu fosse refletir sobre ter mais iniciativa em matéria de amor. Uma iniciativa não da forma mais corriqueira e usual, porque não se pode querer ser o que não se é, porque isso poderia ser um desastre em todos os termos. Mas, e é o que busco aqui, aquilo me fez agir da minha maneira, mesmo que pouco trivial, para lhe dizer o que tenho dificuldades para fazê-lo pessoalmente.

Eu gosto de você, seu sorriso me faz bem e sua companhia também. Certo, isso não deve ser novidade para você, pois as pessoas falam, também, com os olhos e não deve ser difícil ter lido isso nos meus.

Quero muito poder lhe conhecer mais, pois você é muito discreta e pessoas assim, têm muitas coisas belas que não se apresentam à primeira vista. No seu caso, o que eu já vi é o suficiente para que eu rompa a barreira da minha timidez e gaste a tinta aqui, meio que perdido por entre sílabas.

Não faço a mínima idéia do que sente você por mim, estou no escuro, mas não tenho mais medo de tropeçar.

Só queria lhe pedir uma coisa, uma oportunidade para mostrar mais do que aparentemente apresento, para tanto, eu valerei de um samba de um cara que eu sou fã, como já te falei eu não entendo muito de samba, mas eu amo Paulinho da Viola

A música é "Sei Lá Mangueira" e tem uma parte que é linda, veja: "que a vida não é isso que se , é um pouco mais que os olhos não conseguem perceber e as mãos não ousam tocar e os pés recusam pisar, sei lá, não sei..."

Um beijo grande,"

2 comentários:

Paloma Gomes disse...

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21-10-1935

fernanda barreto disse...

ai pá,
escreve uma destas pra mim tb?
tá linda!
tu, lindo!
beijo de saudade,
nanda