Cada um coloca os pés por entre trechos.
Cada trecho, de cada pessoa, é um somar subtrair de passos antigos com os atuais, multiplicado pela enésima parte ao cubo de elementos do futuro.
Gente é assim, anda, anda... Adriano colocava os cincos dedos do pé 39, num compasso cadenciado de quem, por temer o além, retrai-se aqui no presente, por experiências frustantes no passado. Já Débora não. Pisava forte, sem dó nenhuma dos grãos da terra roxa molhada por delicados pingos de chuva do começo de março.
Estava decidida, firmemente decidida, até obsecada e ansiosamente desequilibrada, não no andar como já falei, mas apaixonadamente desequlibrada, esqueceu de tomar o PROZAC.
O que importa disso é que em algum momentos de suas caminhadas, eles se deram as mãos, por que até hoje ninguém explica, um era de Leão outro tinha 16, um gostava de Almodovar outro de Homem Aranha 3. Não quero explicar o por que deles terem se dado as mãos. E não é por preguiça não, é que é difícil mesmo!
Voltando a cena: os dois com as mãos dadas, ela no caminho de terra molhada e ele num meio-fio seguro, com placas e semáforos, também com faixas de pedestres respeitadas por carros de luxo de motoristas de lixo. Chegada um hora, já ido terço de passadas, em que um fala, segue comigo? E o outro, não, não, meu caminho é mais seguro, tracei ele levando em conta o passado, o real e o dia de amanhã. Ao que outro diz, meio que chateado por compreender que as pessoas percorrem caminhos diferentes, por que imaginam viver tempos diferentes: Certo, não tenho domínio mesmo, muito menos conheço os grãos por onde coloco os meus pés. É o seu realmente mais seguro. Ainda mais que estou desamparadamente desajustada.
Vá por ele, dará certo sua chegada.
Sim, mas o outro virando-se para trás, inconscientemente abalado pela separação eminete, pergunta: ei, se você não sabe por onde coloca os pés, nem faz idéia donde esse caminho de lama e caos te levará, por que continua afundar sobre ele seus pés? Por que não pega o meu caminho?
Poderia até ser, mas você demorou demais para pedir meus pés no caminho seu, decidiu primeiro e, somente por compaixão, resolveu, hesitante, me convidar.
Eu quero alguém pra caminhar junto comigo, sem se importar com caminhos, com pedras, com o que será. Isso não é contraditório com o seu caminho, só é contraditório com você.
3 comentários:
"Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar"
Caracolis...
Pá quem sou eu no meio disso tudo???
Texto profundamente provocante. Me deixou assim, meio sem saber pra onde ir.
Beijos...
Amo-te imensamente
a pessoa pensa de acordo com onde coloca os pés?
tá lindo. quero ver manter este blog guri!
beijo.
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